quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Get-Up

O Turkish Get-Up, também conhecido como TGU ou apenas Get-Up é um daqueles exercícios que caiu em completo desuso mas fez o seu grande regresso graças a Pavel Tsatsouline e Steve Maxwell. Um exercício cheio de subtilezas a aperfeiçoar durante uma vida, é um daqueles movimentos que não são feitos porque "Meu, quero ficar com os bíceps maiores!", mas sim porque ter um corpo saudável é o mais importante. Basicamente, deitem-se no chão, peguem num peso, levantem-se e voltem-se a deitar. Simples, certo? Mesmo que não tivesse nenhum benefício, pelo menos faria com que toda a gente no vosso ginásio pensasse que são maluquinhos.


O TGU pode ser descrito como uma espécie de yôga com pesos. Num só movimento trabalham a mobilidade e estabilidade do vosso corpo inteiro. O ombro, que suporta o peso durante todo o tempo, fortalece-se bastante numa vasta ROM. Torna-se mais resistente a lesões, e pode mesmo ajudar a ultrapassá-las, algo excelente tendo em conta que lesões nos ombros são muito comuns nos ginásios.

O core tem todo um trabalho de estabilidade em movimento e em posições "complicadas". Segundo Gray Cook, com o TGU aprendemos a activar o core exactamente para aquilo que foi criado. O core começa por ser activado para rolarmos, depois para estabilizarmos, em seguida para elevarmos o tronco, e mais uma vez para estabilizarmos. Isto só na subida. Depois ainda vem o inverso.

Como disse antes, este movimento vai identificar as vossas faltas de mobilidade, de estabilidade, e de força. No meu exemplo, as pernas sempre foram a minha fraqueza, por mais que as treine. Durante um TGU, na posição de lunge para standing perco sempre o KB, se não for um peso bastante leve. É algo que terá que levar bastante tempo para ser corrigido. Para muita gente é a activação do core na fase inicial. Para outros é a falta de mobilidade e estabilidade no ombro. São muitos os problemas que podemos descobrir através do TGU.

O mais importante é que este não é um exercício para conseguir um grande pump, ou para levantar um peso enorme com uma técnica horrível. Aqui, o importante é a calma e a técnica. Encarem-no como uma técnica de funcionalidade/reabilitação/controlo. Pegam no peso, fazem uma repetição controlada, prestando atenção a cada pormenor, e voltam a por o peso no chão. Sejam honestos convosco e reconheçam quais foram os pontos problemáticos. Façam mais umas repetições, pois uma só também não é nada, mas sem exegeros.


Uma boa sugestão é fazerem-no em todas as vossas sessões de treino, uma espécie de preparação/aquecimento. Ou podem mesmo dedicar o treino apenas ao TGU. O famoso PM (Program Minimum) do livro Enter The Kettlebell, de Pavel T. , consiste apenas em TGUs e Swings. Não é um treino criado para quem tem vastos interesses no mundo do fitness ou do bodybuilding, é criado para quem apenas quer um corpo capaz para o dia-a-dia sem passar muito tempo no ginásio, ou para quem pratica outros desportos e não tem muito tempo ou energia para grandes sessões de treino. Há que saber escolher o tipo de programa que se identifica com os nossos objectivos.

Onde aprender? O DVD Kettlebells From The Ground Up, também conhecido como Kalos Sthenos, de Gray Cook e Brett Jones é inteiramente dedicado apenas ao TGU, com toda a informação e mais alguma sobre o mesmo. É também o estilo de TGU mais recomendado. Sim, pois também há muitos estilos, não apenas um ou dois. O peso ideal, na minha opinião é o KB, mas naturalmente também pode ser feito com uma barra ou outro tipo de equipamento. Adam T. Glass, um homem ridiculamente forte, chegou a fazer TGUs com o equivalente ao seu peso corporal, e penso que actualmente já faz até mais do que isso. Acreditem, isso não é ser forte, isso é ser um mutante!

Mais uma vez, a melhor forma de encarar o TGU é como uma ferramenta que nos mostra a nossa evolução, a nossa mobilidade, o nosso controlo, etc. Pratiquem-no, não o "treinem". Respeitem-no, e ganharão uma excelente carta no vosso baralho.


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